terça-feira, 11 de junho de 2013

Outono

Uma, duas estão caindo.

Eram quentes... aquelas mãos que acariciavam meu rosto eram quentes e únicas.
E eram minhas, apenas minhas. Estavam ali para me cuidar, estavam ali para me mimar, estavam ali para empunhar a espada quando eu já não tinha mais forças para me defender sozinho... Estavam ali para segurar as minhas mãos.
... Não estão mais aqui.
Não posso sentir. Estão longe. Estão dando atenção para outros rostos, outras mãos, outros corpos.

Três, quatro estão caindo.

Aqueles olhos refletiam a vitória. Aqueles olhos nos refletiam.
 O seu olhar era o meu esconderijo, meu porto seguro. Você era a medusa e eu... eu era o bobo petrificado que perdia todas as forças quando me encarava da forma mais apaixonante que ninguém havia me encarado antes.
Entretanto, Perseu apareceu e eu não notei que a Medusa morrera e o efeito de seus poderes persistiu em mim.
Aqueles olhos refletem a vitória... apenas a vitória, e para isso, não há espaço para o bobo.

Cinco, seis estão caindo.

Eu era envolto pelos teus braços... sim... todas as noites você me abraçava e eu realmente me sentia amado, realmente acreditava que, assim como dizia, estava feliz de eu estar ali contigo.
Acreditava que mesmo sendo tão diferentes, mesmo tendo ideias tão opostas, mesmo que não planejássemos o futuro... haveria sim um para nós.
Mas não houve. E o passado... Ah o passado, devora-me com suas gigantes presas.

Sete, oito, nove, dez...

Todas as folhas que embelezavam aquela árvore estão caindo.

Dez, onze, doze...

Todas as folhas caíram, exceto uma.
Aquela única e pequena folha continua lá, firme e forte.
Não tem vento, não tem chuva, nem ao menos intervenção antrópica que a arranque.
Aquela folha...
Por quê? Por que ela insiste em não tocar o chão assim como as outras?
Qual a razão de ela lutar tanto e não ceder?
Bem.
Eu acho... não, tenho certeza, que a obstinação dela é porque ainda está aprendendo a como dizer adeus aos tempos quentes do verão, dizer adeus àquela época em que tudo era tão vivo.
Aquela pobre folha precisa aprender a se despedir para que o ciclo das estações prossiga.

Um comentário:

  1. Gostei da analogia, muitíssimo sutil. Mas acho que às vezes muitas analogis e metáforas podem confundir o leitor. o-o BUT, como eu entendi, achei lyndo ♥ hahaha!

    ResponderExcluir